Ganadería Palha, da
nobreza ao ridículo.
Embora as suas
raízes gentílicas estivessem no Alentejo, para os lados da Vidigueira, onde o
primeiro Palha patronimizou uma alcunha de família, corria-lhe nas veias sangue
antigo, e bom, fixado no Ribatejo em tempos da dinastia de Bragança, sangue
Faria. Na verdade, o pai de José Pereira Palha Blanco, era filho de um Faria
Guião e de uma Faria de Lacerda, primos direitos. Ora os Farias, com o sangue,
trouxeram a Palha Blanco, a Casa e terras em Vila Franca de Xira.

José Pereira
Palha Blanco, chamava-se pois este novo alferes dos campos de Vila Franca que
Dom Carlos I crismou Rei dos Lavradores, e foi sobretudo a ele que se deveu o
carácter lendário da “cabaña” Palha.
Herdou uma ganadaria fera e bruta que enobreceu com vacas do Duque de Verágua e
sementais das melhores cepas taurinas de Espanha. E a Espanha levou os seus
toiros, que ganharam fama de terroríficos e, gabando-se das suas origens,
competiram com toiros de Miura, de Urquijo, de Conde de la Corte e de Pablo
Romero.
A mulher de José
Pereira Palha Blanco, Maria Madalena, era, como ele, neta dos mesmos Farias,
sendo assim sua prima direita e tão Palha quanto era possível. Seria pela mão
de dois dos seus filhos, Constantino e Maria do Carmo, que o sangue holandês de
João Jácome van Zeller consolidaria a entrada para a Casa das Areias, anos após
o casamento de Francisco van Zeller com outra Maria do Carmo, desta feita
Pereira Palha Osório Cabral, prima-irmã de José Pereira Palha Blanco e, também
ela, uma Faria.
Descendente de
morgados e fidalgos acrescentou o património com terras das duas lezírias, que
haviam pertencido â Casa dos Infantes, à Casa do Comendador Estêvão de Oliveira
e â do Marquês de Niza
Em Pancas
pastariam as duquesas de Palha o pasto salgado que lhes duplicaria a “fiereza” do sangue e a vontade de
acometer que, em 14 de Agosto de 1927, na ultima corrida de toiros de morte
autorizada na Praça de Toiros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, lhes
permitiu derribar uma meia.duzia de cavalos e secar a boca a Luís Freg, Fuentes
Bejarano e Armillita Chico.
Noventa anos
depois, em 2017, na tarde de 16 de Setembro, um toiro de Palha, “Asustado”,
tomou três varas, arrancando-se dos médios na terceira e derribando ao primeiro
encontro, com tal zelo acometeu o cavalo. O matador, Gomez del Pillar,
recebeu-o com uma larga à “portagayola”
e iniciou de joelhos a faena de muleta, demonstração cabal para aqueles que
ainda acham que os Palha não se podem tourear. Embora não fosse do mesmo sangue
do “Capote” que, em 24 de Junho de 1884, tomou 16 varas e matou nove cavalos em
Santander, nem do “Tonelero” que foi castigado com 14 varas e que Guerrita
estoqueou em La Coruña depois de matar sete cavalos, a responsabilidade do
ferro deu-lhe a “fiereza” e a nós deu-nos a informação de que a ganadaria Palha
continua a apresentar bons produtos.
Esta mesma
ganadaria que se apresentou em Madrid em 1883, toureada pelas primeiras figuras
da época – Fernando “El Gallo”, Bocanegra, Lagartijo, Frascuelo, é hoje uma
mistura mal conhecida do que ficou mais Oliveiras e Irmãos, mais Torrealta, mais
Baltasar Ibán e mais sabe-se lá mais o quê e, para meu grande desconsolo, seu
orgulhoso conterrâneo, foi objecto de uma reportagem publicada no Facebook e no
portal www.ToroAlcarria.com, em que esteve presente o ilustre ganadeiro João
Folque que preside aos seus destinos. Nessa reportagem tive grande dificuldade
em perceber entre o que é encómio disfarçado de chacota e o que é zombaria
disfarçada de encómio. Passo a transcrever:
«Como curiosidad o
anécdota, nos contó (João Folque) que el toro Fusilito no tenía rabo, pues de
acercarse a las vallas y enredarse en los arbustos se quedo colín. El ganadero
de Palha tenía una fe ciega en ese toro y debía ir a Madrid como fuese, aunque
el problema de que no tuviese rabo podía que el toro no fuese embarcado.
Visitó una de las
mejores profesionales de peluquería de mujeres de Portugal, y la propuso poner
extensiones de pelo al rabo del toro. Así accedió la peluquera que, por
250 euros, le puso rabo a Fusilito. Días antes de embarcarlo, debido
a enganchones en el campo, otra vez tuvieron que repetir la sesión de
peluquería.
Ahora entonces
sabemos la razón por la que todo el mundo protestaba cuando los monosabios y
subalternos se acercaban con el afán de colear al toro, pues temía que se quedasen con las
extensiones del rabo del toro en la mano.
(,,,)
Los inventos del señor Joao
Folque
Presente en la
tertulia estaba el torero Javier
Sánchez Vara, el torero de Pareja (Guadalajara) que mató la
corrida de Palha del 12 de octubre de 2014 en Madrid. (…) El caso es que
Sánchez Vara salió a la palestra porque es cómplice de los inventos del criador de toros Joao
Folque. Durante el año pasado se dedicó a coger aquellos toros que
destacaban en la corridas de rejones lidiados en Portugal (no hay muerte del
toro en Portugal) y que después los echaba a las calles. Eran toros que
traía de vuelta a la ganadería. Una vez allí son lidiados y puestos al
caballo tantas veces como así lo exigía el ganadero. Después, con muchos “memoles”, Sánchez Vara tiene el
valor de ponerse delante de un toro de 550 kilos, corraleado, lidiado,
recortado… y clavar los pies en la arena para sacarle 30 muletazos. Aquellos
toros que pasan la prueba con nota son probados como sementales. El año pasado,
de 17 toros que volvieron se quedó con 7, y de estos 3 serán probados para
sementales.»
http://www.toroalcarria.com/escritos/futuro-ganaderia-palha/
E mais não digo.
28/03/2018